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15 de ago. de 2009

Você foi mal acostumado!



Solidão. Não sei se é assim pra todo mundo. Pra maioria das pessoas, a solidão é um sentimento doloroso. Um hiato incômodo no bem estar produzido pela presença da sensação de sermos queridos.

A solidão é a mais original e inerente condição humana. Está sempre presente, queiramos ou não. Ocorre é que às vezes se torna mais aguda e nos incapacita de lidarmos, não apenas com ela, mas com o que ela ocasiona.

Solidão é um sentimento tão complexo que, vejam: já motivou filósofos, dramaturgos e poetas, mas, já foi apontada também, como causa de suicídios, assassinatos e muitas outras atitudes ilícitas.

Compreender a ambigüidade da solidão nos remete á necessidade de se compreender o ser humano que a sente. É necessário ligá-la estreitamente á consciência, a percepção existencial e espacial que temos no mundo.

Como viram pelo texto acima, a solidão também tem sido importante objeto de estudo para psicologia e psiquiatria, mas, a solidão que aqui nos interessa é a nossa solidão, e não, as dos teóricos que dela se valeram para, compreender a si mesmos.

Nossa solidão, assim como todos os sentimentos que experimentamos, é sempre a pior e mais devastadora. Sabemos disso desde o primeiro momento em que, fora do útero de nossas mães, empreendemos a vida.

Com o rompimento do cordão umbilical nos tornamos desgraçadamente sós, até o ultimo dia de nossas vidas. Seguiremos, ainda na primeira infância, criando estratégias para vencer a solidão. Mesmo alimentados, limpos e confortáveis, choraremos com toda força de nossos pulmões para atrair a companhia de alguém.

Nos anos seguintes, repetiremos compulsivamente esse comportamento desenvolvido na infância. Agregaremos alguns entraves sociais, algumas articulações próprias dos adultos e alguma estratégia, mas sempre estaremos tentando burlar a famigerada sensação de estarmos sós.

Em linhas gerais estaremos sempre implorando por alguém! “Quem é que não sentiu essa espécie de vazio alguma vez, sozinho em casa? A televisão não distrai, a música, em vez de consolar, lembra situações em que havia pessoas queridas por perto, torna-se impossível concentrar-se na leitura de um livro”.

Justamente por ser um componente da máquina humana, a solidão não escolhe cor, raça, condição social, sexo ou o que quer que seja. Um exemplo popular disso foi a polêmica que se instalou numa ocasião em que a Xuxa declarou sua solidão.

O fato é que sempre haverá o momento em que iremos dormir sozinhos, de não termos com quem partilhar as sobras (que fatalmente existirão) do jantar da noite anterior. É bom ter sempre claro que solidão é diferente de isolamento. Mas situações de isolamento social podem contribuir para tornar penosa a sensação de ser só.

Mas, isso também já virou clichê: “Estou só em meio à multidão!” E lá estarão os poetas e escritores, ávidos de matéria prima, para transformar esse sentimento em poesia. Não há beleza, glamour ou mesmo poesia no “estar” da solidão!

É necessário que aprendamos a nos fazer companhia, a nos aprimorarmos na técnica de concedermos atenção á nós mesmos. O primeiro passo é respeitar nossos limites e desejos. Aprender a dizer não. Mas, apesar de difícil, essa não é, a parte mais complicada.

A solidão que invariavelmente sentimos como dilaceradora é fruto de nossas próprias atitudes. Ao nos relacionarmos, traçamos uma espécie de perfil de personalidade das pessoas com as quais nos sentimos melhor. É como se, inconscientemente, elaborássemos uma espécie de cadastro mental do que serve e, do que não serve pra nós.

Ao fazermos isso, eliminamos uma imensa maioria de possibilidades e nem sempre acertamos em nossa escolha. Muitas vezes, traídos por nossa percepção, elegemos para estar ao nosso lado o tipo de personalidade que irá cada vez mais reforçar nossa compreensão empírica do que a solidão.

Mais do que isso. Com essas escolhas equivocadas, pautamos o que consideraremos ideal e pode ser que isso não seja exatamente igual ao que nós mesmos somos. Ou seja, ao entendermos que companhia do tipo festeiro, por exemplo (cujo significado de amizade é a badalação), é a ideal e nós mesmos não formos dessa maneira, tá feita a porcaria.

Em nossos momentos de solidão estaremos buscando esse mesmo tipo dentro de nós, e claro, não encontraremos. O mesmo ocorre pra qualquer escolha limitada que façamos. Elas diminuem drasticamente nossas opções e nos deixam completamente distantes de nós mesmos.

Sempre desconfio das eleições que faço para compor meu rol de relacionamentos. Procuro aceitar todo e qualquer tipo de aproximação e deixar que o tempo se encarregue de varrer os não adequados e mal intencionados. Alguns acabam ficando e me servem como parâmetro.

Antes só do que mal acompanhada. Isso serve pra você mesma também. É urgente que nos transformemos na melhor companhia á nós mesmos, ainda que para isso tenhamos que incluir más escolhas em nosso universo de relações. Faça dessas más escolhas a motivação para escolher a si mesma como parceira de aventuras, quando sentir-se só.

É infalível! Se não funcionar, nem adianta recorrer á antiga caderneta de telefones. Qualquer pessoa que eleger não te proporcionará a sensação de intimidade que a solidão exige como remédio. Mas, cuidado! Ás vezes, as más escolhas são mais persuasivas do que sua capacidade de discernimento.

Nesse caso, reserve o dia ou a noite, para acariciar a si mesmo, prepare um jantar á luz de velas, tome um bom vinho, coloque uma música suave, faça amor consigo mesma. Convide-se pra um primeiro encontro e apaixone-se. Você é a melhor companhia que existe!

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