BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS »
Mostrando postagens com marcador Mestre Vitalino. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mestre Vitalino. Mostrar todas as postagens

10 de jul. de 2009

100 anos do Mestre Vitalino

Vitalino Pereira dos Santos, nascido em 1909, no Distrito de Ribeira dos Campos, nos arredores da cidade de Caruaru, aprendeu a lidar com o barro graças a sua mãe, uma artesã de panelas de barro. Aos seis anos, o pequeno Vitalino já confeccionava pequenos bonequinhos com o barro que sobrava das panelas e ia vendê-los na feira de Caruaru.

Com o passar do tempo, aquela brincadeira de criança que até então resultava em bichinhos como cavalos, bodes e vacas de cerâmica, deu lugar a outros personagens. Vitalino passou a retratar em suas obras, o homem do agreste nordestino, o vaqueiro, o agricultor, os retirantes etc , em cenas de seu cotidiano rural.


Anos depois, já em 1947, com 38 anos, Mestre Vitalino continuava a viver da roça e de modelar o barro. Um amigo e artista plástico Augusto Rodrigues, grande admirador de seu trabalho, convenceu o Mestre a mudar-se com sua família para uma localidade próxima de Caruaru chamada Alto do Moura.


No Alto do Moura, Vitalino estava perto da famosa feira de Caruaru, onde vários artesãos, de todo o agreste, vinham expor seus trabalhos e onde se comercializava de tudo. A banca do Mestre oferecia bonecos feito com barro, mas ele diferenciava-se dos outros artesãos, que abordavam sempre os mesmos temas: jarras, moringas, maracatus, animais, potes etc. Mestre Vitalino esculpia no barro cenas do cotidiano sertanejo em que vivia e dava uma nova inspiração a esse trabalho, que o fez ganhar fama e reconhecimento por todos do Alto do Moura.

Com Vitalino como inspiração, vários outros artesãos começaram a seguir seus passos e mudaram o tema de suas esculturas para bonecos. Mestre Vitalino ajudou muitos deles, passando muitos de seus conhecimentos e técnicas, sem medo de concorrência. Esses artesãos ficaram conhecidos como discípulos de Mestre Vitalino e todos trabalhavam num clima de harmonia e solidariedade na feira de Caruaru.

O Alto do Moura e seus artistas ficaram conhecidos em todo o estado de Pernambuco e vinham fregueses de todos os lugares comprar peças para si mesmos e para revender em Recife e outras cidades. Contudo, a vida de “bonequeiro” não era fácil. Eles trabalhavam exaustivamente na produção de peças, no manejo do forno, muitas vezes com prazo para entrega de encomendas e eram pessimamente remunerados. Como precisavam pagar suas contas, aceitavam de qualquer forma, e assim, Vitalino e todos os demais morreram pobres.

Outra faceta do mestre era a música. Ele era festeiro e não perdia uma folia onde pudesse tocar eximiamente seu pífano. Chegou até a viajar para o Rio de Janeiro em 1960, onde,junto com outros, gravou diversas músicas no estúdio da rádio MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Vitalino Pereira dos Santos faleceu em 20 de janeiro de 1963, de varíola, porém, o Mestre Vitalino está vivo até hoje, perpetuado em suas obras, expostas em museus por todo o Brasil.

Hoje, no Alto do Moura, funciona a Casa-Museu de Mestre Vitalino, administrada por seu filho Severino, instalada na antiga casa, construída em 1959, onde o mais famoso dos bonequeiros viveu, trabalhou e morreu. Lá são expostos objetos de uso pessoal do artista, suas ferramentas de trabalho, móveis, utensílios e fotos que retratam sua trajetória. No quintal, permanece o forno a lenha em que fazia suas queimas.

Ainda hoje no Alto do Moura existem dezenas de artesãos vivendo da arte de modelar o barro. Além de parentes de Vitalino, há ainda alguns de seus discípulos trabalhando no local.

Vale à pena conferir tudo isso quando estiver de passagem por Caruaru!

Por: Ana Luiza