Tem um tempo que passa e um tempo que não passa. O tempo que passa é o tempo dos relógios, das noites e dos dias. O tempo que não passa é o tempo congelado daquilo que não logrou virar palavra.
Cada um de nós tem um tempo que não passa. Um tempo de que não se fala. Tempo de um tempo em que ainda não tínhamos acesso à fala. Um tempo de fragmentos, de restos desarticulados de imagens e ruídos sem sentido. Um tempo cansado de não passar.
Tempo em que as coisas aconteceram sem o amparo das palavras. Por isso, as coisas são dardos cravados na carne, de onde, doendo, fazem sinal em forma de angústia. Por isso, este é um tempo que insiste em se contar, para de uma vez por todas deixar de doer, tornando-se passado.
A humanidade também tem um tempo que não passa. Tempo em que não tínhamos mais do que inferno e horror. Tempo em que ainda não tínhamos as palavras com que falar de inferno e horror aos nossos descendentes. E quando a carne se fez verbo, foi este tempo sem memória que inventamos em volta das fogueiras. E na falta da memória, criamos mitos.
É fácil agora entender porque, desde as cavernas, falamos tanto, grafamos tanto, insistindo loucamente em marcar nossa passagem pelo mundo. Temos certeza da morte. Sabemos que vamos passar. Mas, antes, queremos lançar no mundo dos signos – para que passe - o que trazemos em nós deste tempo que não passa. Para que de inferno e horror não reste mais do que as palavras que os nomeiam.
Cada um de nós tem um tempo que não passa. Um tempo de que não se fala. Tempo de um tempo em que ainda não tínhamos acesso à fala. Um tempo de fragmentos, de restos desarticulados de imagens e ruídos sem sentido. Um tempo cansado de não passar.
Tempo em que as coisas aconteceram sem o amparo das palavras. Por isso, as coisas são dardos cravados na carne, de onde, doendo, fazem sinal em forma de angústia. Por isso, este é um tempo que insiste em se contar, para de uma vez por todas deixar de doer, tornando-se passado.
A humanidade também tem um tempo que não passa. Tempo em que não tínhamos mais do que inferno e horror. Tempo em que ainda não tínhamos as palavras com que falar de inferno e horror aos nossos descendentes. E quando a carne se fez verbo, foi este tempo sem memória que inventamos em volta das fogueiras. E na falta da memória, criamos mitos.
É fácil agora entender porque, desde as cavernas, falamos tanto, grafamos tanto, insistindo loucamente em marcar nossa passagem pelo mundo. Temos certeza da morte. Sabemos que vamos passar. Mas, antes, queremos lançar no mundo dos signos – para que passe - o que trazemos em nós deste tempo que não passa. Para que de inferno e horror não reste mais do que as palavras que os nomeiam.
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