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22 de set. de 2009

A BORBOLETA AZUL

A borboleta azul sempre será azul dentro de mim, com seu voo simples, às vezes triste, como se não quisesse voar. Também voo com ela, como se também não quisesse voar. Mas eu não quero voar, porque tenho as asas feridas. Minhas asas estão cortadas por temporais imensos, desses que batem nas pedras. Minha alma está numa pedra. Assim, carrego uma pedra dentro de mim, com quem converso às vezes. Mas a borboleta azul, não. A borboleta azul é de outra paisagem, daquela que não existe. A borboleta azul faz parte de um poema que não foi e nunca será escrito, já que as palavras deixaram de ter sentido. As frases mudas são as que mais compreendo, aquelas que entram dentro de mim e me fazem adormecer. Sempre que adormeço, a borboleta azul pousa em cima de um móvel e também adormecida deixa que suas asas cresçam até que todo o quarto deixa de existir. E tudo se transforma numa borboleta azul. Nas manhãs, ela sai para sua vida, mas volta depois, como o mesmo azul, aquele azul irremediável, aquele azul para sempre, aquele azul que deixou de ser. A borboleta azul não sabe que eu existo, o que não significa absolutamente nada. Mas eu sei de sua existência, assim voando em volta de mim, como se eu merecesse.
Poeta Álvaro Alves de Faria

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