São Paulo, final de tarde.
Um monte de pessoas se aglomeram em volta de um córrego sujo e barrento da zona leste da cidade. Algo chama a atenção daquele povo todo para dentro do fosso concretado.
É um cachorrinho.
Sim, um animalzinho indefeso que está preso ali, sem poder se mover. Segundo testemunhas, uma mulher atirou o pobrezinho no córrego por não querer mais sua companhia. Estaria velho, neurastênico, um estorvo!
Ele não caiu nas águas, ficou preso entre a correnteza e o paredão de concreto, apoiado num cano que serve para escoamento de esgoto.
Ali, naquela posição, aquela criatura de Deus estava equiparada aos dejetos e porcarias sem fim que bóiam no riacho. Aliás, numa análise menos superficial, nos damos conta da estupidez e da crueldade de que os seres humanos podem ser capazes: um córrego que já foi cristalino e fértil agora é imundo, tendo seu fosso concretado em nome de maior conforto dos cidadãos. E ali, misturado a essa verdadeira afronta ao bom senso, um animal inocente, indefeso, descartado como se fora uma garrafa vazia.
Chamados, os bombeiros resgataram o animalzinho sob aplausos da população. A mesma população que nada diz sobre o descalabro de se permitir que um córrego seja sujo pelos seus próprios dejetos.
Seres humanos são mais cachorros que os cães, na maior parte das vezes...
Humanos?
Humrum...sei...
0 comentários:
Postar um comentário