A vida é para quem não sabe o que é a morte, para quem não sabe o que é viver sem dor. A vida é um caminho com pedras duras e escuras que teimam entrar nos sapatos mais pobres sem descuidar dos outros.
Mais uma vida? Não, vida é só uma, única como o Amor que espero que me preencha um dia. Se fosse certo este caminho por onde andamos todos nós, porquê então estar aqui? Porquê escrever, porquê tentar ouvir e compreender? Porquê?
É fácil acreditar quando ainda temos a inocência dentro de nós, mas depois tudo muda, a mais pequena dúvida faz cair a crença toda, como se esta fosse um baralho de cartas. Todos os dias se perde um pouco mais a inocência com que se nasce, a paz que nos envolve vai desaparecendo aos poucos, até ao dia em que o tormento é tão grande que o desespero é inevitável. Então as lágrimas vão cair como pequenos ribeiros pelas faces tristes de quem sente dor sem saber de onde.
Também já fui prisioneira, mas dos muros que construí em volta de mim, pensei que seria fácil colocar um fim quando esse fosse o maior desejo. Mas foi com ajuda de quem acreditei ser o Amor sem fronteiras, o Amor verdadeiro que os muros foram sendo desfeitos. Mas mais uma vez caí sem conseguir deixar de olhar para baixo e ver-me a ser engolida pelas amarras da vida dura e crua. Que tormento é este que não me deixa sorrir sem que uma lágrima caía? Que vida é esta reservada para mim? Terei sempre de estar presa com esta dor no peito que me faz não querer ficar? Tantas perguntas sem que uma resposta seja ouvida, sem que uma certeza seja dita.
Poderia tentar renascer, mas o que seria diferente? Renascer num mundo que está aprisionado pela guerra, pela dor, pelo desespero de não haver o beijo da paixão. Renascer para continuar a viver a angustia de manter a lembrança e de esquecer a dor? Assim não seria renascer seria continuar a sofrer. Sofrer calada sem que um olhar cruza-se o meu sentir.
A eterna lembrança do Amor faz diminuir a dor que nasce e renasce em mim. Só é eterno enquanto a mente cansada ficar acordada relembrando sempre o que existiu. Choro sem parar por não conseguir explicar, por não querer deixar adormecer a mente. Por não querer deixar a lembrança de quem amei tanto sem saber, desvanecer-se como o pó.
Que vida é esta que me deixa aqui fechada em mim e para mim? Ó vida sem alma, sem essência, liberta quem sofre sem ver o caminho da luz, dá vida a quem derrama lágrimas de sangue.
Retirado do blog:
http://luartriste.blogs.sapo.pt/
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