Estamos sempre contando. Dinheiro, tempo ou vida. Seja para fazer contas, compras ou aniversários.
Embora eu me relacione melhor com as palavras do que com os números, eles não me causam mais tantas dores de cabeça desde a época do colegial. Não porque deixaram de ser importantes, mas porque sou eu quem decido como usá-los desde então, e fórmulas matemáticas, definitivamente, não são o meu forte. Além do mais, não preciso mais usar a calculadora escondida…
Eu conto quantas moedas faltam para inteirar o valor da passagem do ônibus; as quantidade de compras que fiz com o cartão de crédito pra não levar um susto no mês seguinte; a quantidade de anos de vida que eu tenho; a quantidade de tempo que não vou a um lugar especial ou que não vejo uma pessoa querida. Esse último me ajuda a tornar urgente as coisas que são verdadeiramente essenciais.
Mas, contar o tempo que ainda falta me parece enlouquecedor. Contagens regressivas me dão a sensação de que estou tornando o tempo mais lento e arrastando as horas. Me sinto como um presidiário riscando um dia a menos na parede da cela, com aquele peso enorme preso à uma das pernas. O peso é nada mais, nada menos que ela: a ansiedade. Sempre ela.
Por isso eu não conto, não conto os dias que faltam para chegar a primavera, as horas que faltam para um dia ruim terminar, os minutos que duram uma música boa, ou uma dança. Muito menos quanto tempo ainda falta para eu te beijar outra vez. Deixo que venha e me beije, ou que se deixe ser beijado por mim.
Só arrumo as malas pouco antes de viajar, e, é claro que esqueço um bocado de coisas em casa, mas não levo mais ansiedades e expectativas na bagagem. Elas sempre ocupam um espaço valioso, que poderia ser ocupado por aquela calça jeans bacana…
Deixo a porta sempre aberta, e espero – sem esperar – a felicidade chegar de sopetão. A alegria inundar a sala com o sol da manhã, a brisa suave do amor acariciar minha face e o vento da paixão despentear completamente o meu cabelo.
As alegrias são como o sol, as brisas, as chuvas e os ventos. Simplesmente não marcam data para chegar, então, pra quê contar o tempo?
Roberta Simoni
Embora eu me relacione melhor com as palavras do que com os números, eles não me causam mais tantas dores de cabeça desde a época do colegial. Não porque deixaram de ser importantes, mas porque sou eu quem decido como usá-los desde então, e fórmulas matemáticas, definitivamente, não são o meu forte. Além do mais, não preciso mais usar a calculadora escondida…
Eu conto quantas moedas faltam para inteirar o valor da passagem do ônibus; as quantidade de compras que fiz com o cartão de crédito pra não levar um susto no mês seguinte; a quantidade de anos de vida que eu tenho; a quantidade de tempo que não vou a um lugar especial ou que não vejo uma pessoa querida. Esse último me ajuda a tornar urgente as coisas que são verdadeiramente essenciais.
Mas, contar o tempo que ainda falta me parece enlouquecedor. Contagens regressivas me dão a sensação de que estou tornando o tempo mais lento e arrastando as horas. Me sinto como um presidiário riscando um dia a menos na parede da cela, com aquele peso enorme preso à uma das pernas. O peso é nada mais, nada menos que ela: a ansiedade. Sempre ela.
Por isso eu não conto, não conto os dias que faltam para chegar a primavera, as horas que faltam para um dia ruim terminar, os minutos que duram uma música boa, ou uma dança. Muito menos quanto tempo ainda falta para eu te beijar outra vez. Deixo que venha e me beije, ou que se deixe ser beijado por mim.
Só arrumo as malas pouco antes de viajar, e, é claro que esqueço um bocado de coisas em casa, mas não levo mais ansiedades e expectativas na bagagem. Elas sempre ocupam um espaço valioso, que poderia ser ocupado por aquela calça jeans bacana…
Deixo a porta sempre aberta, e espero – sem esperar – a felicidade chegar de sopetão. A alegria inundar a sala com o sol da manhã, a brisa suave do amor acariciar minha face e o vento da paixão despentear completamente o meu cabelo.
As alegrias são como o sol, as brisas, as chuvas e os ventos. Simplesmente não marcam data para chegar, então, pra quê contar o tempo?
Roberta Simoni
0 comentários:
Postar um comentário