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14 de mai. de 2009

Quem espera sempre alcança?

Esperar por algo ou por alguém pode ser algo delicioso ou angustiante, dependendo do que se trata e do contexto onde esta espera está inserida.
A espera por um filho é algo sublime. Nove meses de planejamento, compras, cheiros, novas sensações e intensas emoções. Sim, os últimos meses são mais chatos. O sexo fica difícil, as pernas doem, surge uma neurose de não conseguir sustentar o rebento, medo do parto, enfim. Mas no geral a balança pende para o lado positivo da experiência.
Aguardar um telefonema é triste. Deprimente, eu diria. Imaginem um desempregado que fez diversas entrevistas durante a semana. Fica ao lado do telefone como os ratos em frente à caçamba de lixo de um restaurante. O que ligar primeiro, leva! Pensem agora em quem está com o pai nas últimas entubado num hospital... Quando o telefone toca numa situação dessas é como se a própria morte, de capuz e foice em punho, estivesse gritando em seus ouvidos.
Ficar num saguão de aeroporto ou rodoviária esperando que chegue aquele amigo, aquele irmão, aquele filho que volta de uma longa viagem, é algo absolutamente excitante. Meses, até anos de saudades, carinhos e beijinhos são despejados na doce angústia daqueles minutos em que ficamos sentados em bancos de plástico.
Agora, ansiar por um amor é uma das mais torturantes esperas pelas quais um ser humanos minimamente sensível pode passar. Nesse aspecto há vários tipos de espera.
Há quem espere um sinal de que é correspondido para, enfim, colocar em prática tudo o que imaginou sozinho em casa, sofrendo, ouvindo James Blunt. Há quem espere que seu amor volte depois de uma briga, uma traição, um desentendimento.
E há o mais desgraçadamente só dos viventes: o que aguarda um amor qualquer. Alguém que não tem rosto, não tem nome nem se sabe onde anda. Qualquer um que passeie no shopping ou que esteja na fila da padaria pode preencher esse requisito. Qualquer um serve, desde que seja especial e disposto a corresponder a um simples carinho.
Ou seja: o pior é não saber o que se espera. Sendo assim, nem sempre o dito popular é válido. Quem espera sempre alcança? Talvez. O problema é o quê.

José Vitor Rack

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